terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Homem do Braço Peludo


Uma história de poder, glória, aventura, inveja e muito mais! Foi uma das muitas e muitas vezes que festejei o "ano bom" em Jaguara (represa na divisa de Minas com São Paulo).

Na época, eu ainda fazia administração de empresas e trabalhava na TV Integração. Voltaria a trabalhar no dia 2 de janeiro e não existia a possibilidade de matar serviço. Pelo menos, acreditem ou não, sempre fui certinha e nunca matei aula ou trabalho estivesse com na presença da Namorada do Grau ou da gripe forte que fosse.

Jaguara estava linda. Todos resolveram esticar o feriado. Uma vibe verão do luxo fagocitava todos os presentes com a represa dourada e lotada de lanchas, a maioria equipada com sons poderosos, recheados de pessoas bonitas e muita bebida. Esportes náuticos também agregavam o período. Todo esse encanto porém não era mais importante do que o fator principal: A turma toda reunida!
Apesar de vários motivos distintos para eu criar uma gepettagem para meu chefe e permacesse ali, eu precisava arrumar uma carona. Alguém firme, trabalhador, que não fosse corrompível pelos prazeres da vida. Tarefa difícil...

Depois de muita procura, o Rafael (amigo que estava me recebendo) me informou que conseguira uma carona perfeita para mim. Uma pessoa responsável como eu! Um líder empreendedor! Era um empresário, dono de um grupo forte aqui de Uberlândia com ramificações por todo o país. Não divulgarei o nome, mas para quem me conhece fica fácil saber de quem falo. O Homem do Braço Peludo!

Problema resolvido, joguei meu corpo na lancha rumo ao centro da represa. Nadando com o pessoal (muitos conhecidos e outros não), o Rafael começou a semear a discórdia com aqueles que ficavam com inveja ao saber com quem eu iria embora para Uberlândia. Inventou várias histórias, todas ótimas e absurdas! Eu ficava me controlando para não rir e lógico, agregava total a cada conto criado por ele. A melhor foi a que eu embarcaria em um Hidroavião que o próprio Homem do Braço Peludo pilotaria e que seus guarda-costas nos escoltariam voando em ultraleves especiais. Segundo nossa gepettagem, visto da terra, a imagem visualizada seria parecido com a marca do grupo empresarial e O Homem do Braço Peludo sempre fazia questão de ir na ponta puxando o resto das aeronaves.

Gepettagens lançadas, retornei para a terra, realizei assepsia corporal, peguei minha malinha e novamente entrei na lancha. Ela que me levaria até o rancho do poderoso homem de negócios.

Chegando lá, eu e Rafael fomos recebidos muitíssimo bem. Ao encontrar o ícone do poder, me deparei com uma figura muito carismática. Um senhor, com os braços peludos, ingerindo vários pedaços de frango frito. Praticamente um rei medieval se alimentando. Dedinhos sujos de oleosidade, ele eliminava o problema chupando o indicador e o dedão sem o menor constrangimento.

O cara é ótimo! Muito simpático e simples. Se desculpou por não poder me cumprimentar decentemente e disse que estava feliz por minha companhia no trajeto de volta. Me apresentou sua esposa, que também é uma pessoa muito fofa. Depois de tomar uma cervejinha com eles, ele se retirou para se limpar e ao retornar me conduziu até seu veículo. Um Jeep Grand Cherokee! Na época era meu sonho de consumo! O carro que a Lois (Lois&Clark) tinha!!!!!! Eu era alucinada com este veículo e nem acreditei que entraria em um. E assim, começou a aventura.


Dentro do veículo eu ouvia um sinal sonoro e não sabia o que era. A Dona Coisinha se virou e me avisou que era necessário eu atar o cinto de segurança para que ele parasse. Cool!

Enquanto ele me questionava sobre meus conhecimentos administrativos, percebi uma certa movimentação de carros. Só então vi que nossa escolta continha 2 Gols brancos na frente e 2 atrás da "nossa" (por um instante posso dizer que era nossa porque eu estava dentro afinal) Cherokee. O papo estava ótimo... Aproveitei para questioná-lo bastante. Chance de fagocitar os conhecimentos de um homem poderoso. Estiquei meus bracinhos atrás do banco da dona Coisinha, abri as mãos e fiquei falando mentalmente: _Vem poder, vem poder! A intensão era absorver todos os prótons possíveis daquele senhor. Intensão boa, que isto fique claro. Não queria pegar o poder dele e sim aprender a ser poderosa com aquele ser.

Meu projeto "Vem Poder" foi interrompido ao perceber a impaciência do Homem do Braço Peludo no volante. Ele estava louco para ultrapassar um caminhão que não dava espaço. Ensandecido e ávido por aventuras, eis que ele ultrapassa pelo lado direito da pista. Imediatamente percebi o desespero dos seguranças que estavam atrás da gente. Os da frente então... Também foram ultrapassados pelo lado direita hahahahahaha! Pânico na estrada! Deles, evidente! Eu estava adorando a viagem e chocada com o ensandecimento daquele senhor.

Depois de mais ou menos 13... Quase 27 acontecimentos de ação na estrada, chegamos em Uberlândia. Informei como chegar ao meu lar e devido a uma velocidade elevada, o Homem do Braço Peludo passou da minha casa. Ao informá-lo, ele imediatamente deu um Pônei de Pau (um cavalo de pau mais comedido), fez outra manobra precisa e estacionou na porta do meu lar. O melhor era ver o desespero dos seguranças! Muitos Pôneis de Paus e manobras arriscadas para se aproximarem velozmente do veículo do poder!

Muito graciosa, a Dona Coisinha desceu do carro e me abraçou com ternura. Ao me virar, o homem do poder estava me aguardando segurando minha malinha. Exalando dentes agradeceu minha companhia, me deu um beijinho afetuoso na testa e esperou eu abrir o portão e infiltrar no meu habitat. Acenei para o casal fofura e para o carro dos meus sonhos (daquela época, evidente) e senti brotar lágrimas em meus olhos...

Era a vontade de rir dos seguranças novamente, pois o Homem do Braço Peludo arrancou com o carro e já estava ganhando distância.
Amo-te eles!

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