domingo, 11 de janeiro de 2009

Assassinos



Já fomos. Uma brincadeira é claro! Um dia, sentados no Bar do Betão como sempre fazíamos, eu, Xapéu, Ismália (e mais alguém que não me recordo), resolvemos criar um jogo. Xapéu se lembrou de um filme “Gotcha” e se baseou em algumas partes do seu roteiro. Eu e Ismália ajudamos a finalizar o projeto e a criar suas regras. Funcionava assim: Cada um recebia uma arminha de brinquedo (daquelas que lançam flechas com ventosa). Depois, vinha uma reunião onde cada um tiraria um papelzinho com um nome, estilo “amigo secreto”. Eu deveria eliminar a pessoa que estava no papelzinho que eu havia retirado. Se o fizesse, pegaria o papelzinho dela e assim, minha próxima vítima. Não era válido matar alguém dentro do seu local de trabalho, mas da porta para fora, sim. Não valia também abater alguém que não fosse a pessoa do papelzinho em minha posse. Como temos muitos amigos, muitos quiseram participar. Não me lembro bem, mas creio que foram mais de 60 participantes, sendo que alguns nem conhecíamos. Foi necessário enviarem suas fotos para colocarmos em um cartaz, de maneira que as pessoas pudessem consultar, caso precisassem matar algum estranho. Primeiro dia de jogo. Era época de provas na faculdade. Ao sair da minha sala, fui direto em busca de minha vítima. Ao chegar perto do Kink’s Bar (ficava dentro da faculdade e vendia o melhor cachorro quente que já ingeri), vi um cara desconhecido alvejando o Xapéu. Bucéfalo! Meu melhor amigo, um dos criadores do jogo e já tinha morrido. Fiquei triste! Era com ele que eu iria me divertir, criar estratégias de ataque, rir dos fatos engraçados. Uma perda lastimável. Bom, o jogo continua. Havia uma festa em uma chácara no final de semana. Fomos todos pra lá. Eu estava com a arma presa na calça atrás e com casaco por cima. Na fila do banheiro, encontrei Ana Flávia (minha vítima). Matei ali mesmo e já peguei o papelzinho dela. Minha próxima vítima seria minha amiga Dani Presidente (apelidei por ser a presidente da nossa comissão de formatura). Quando ela me viu conversando com o Alceu (hoje é marido), ela saiu correndo. O Alceu tentou me segurar, mas sai correndo atrás dela. Parecia filme de perseguição. Nós, ensandecidas no meio da multidão. Ninguém entendia nada. Ela entrou embaixo do palco e eu atrás. Foi ultra difícil, mas consegui. Minha próxima vítima seria o Fabiano Nardini (O Felpudo – apelido que dei por causa da barba). Na segunda, ao sair da faculdade corri para o carro. Vim logo para casa. Ao entrar na garagem, buzinei. Minha mãe saiu para me ver e questionei se ela estava dando cobertura a alguém. Eu estava ficando louca! Entrei em casa com a arma em punho. Caso alguém estivesse ali, eu mataria. Matar alguém que não é a pessoa do seu papelzinho é suicídio na regra. Morreria, mas meu assassino também. Não tinha ninguém. Na noite seguinte, na Unitri, achei o Felpudo no Escuna (barzinho da faculdade). Dei a volta e entrei por uma entrada próxima do local onde ele estava. Acertei-o na cabeça, vindo correndo pela lateral esquerda dele. Próxima vítima seria uma pessoa que não conhecia pessoalmente. Um músico, o Whashington. Um dia tentei matá-lo em um bar da cidade que ele estava dando um show, mas o assassino de um amigo meu apareceu e eu fugi com ele. Claro, havia conchavos entre nós. Seria difícil não ter ninguém para tomar cerveja, né?! Depois disso o cara viajou. Dias depois, na faculdade, após sair da sala, vi o Xapéu no final do corredor me aguardando. Fiquei mega feliz ao vê-lo! Pensei que ele estivesse ali me esperando para sentarmos em algum bar, mas ledo engano! Ele estava era me mostrando para a Márcia (até então, não a conhecia). Ela queria me matar. Ao perceber, empurrei o Xapéu e voltei para o corredor das salas de aula, enquanto a Márcia vinha em minha direção enquanto tirava sua arma da bolsa. Corri horrores e ela atrás. Eu pegava cadeiras que encontrava pela frente e jogava para trás, criando obstáculos que ela saltava com alguma dificuldade. O pessoal olhava para nós sem grande surpresa. A maioria já sabia do jogo “Assassinos”. Sai dos corredores rumo ao estacionamento. Saltei a escadaria (uns oito degraus) e corri para me esconder entre os carros. Vigiava a ameaça pelos vidros dos veículos. Ela cansada, voltou para dentro da faculdade. Nisso, um susto. Uma mão em meus ombros. Era a Lenice, minha professora de criação. Também já conhecia o jogo e me ajudou, indo até lá na frente verificar se a guria realmente tinha partido. Eu estava cansada e triste. Meu melhor amigo havia me traído, todos os outros já tinham sido eliminados... Restava eu e os seres desconhecidos, sem falar da minha vítima que tinha sumido no mundo. Tomei uma decisão. O suicídio! Recuperei o fôlego e entrei na faculdade. Ao encontrar a Márcia, saí correndo em sua direção. A cena era a do filme “O Último dos Moicanos”. Acelerei com a arma em punho e vi em câmera lenta o desespero dela para retirar sua arma da bolsa. Tentou correr para o lado, mas antes de se deslocar, atingi o peito dela. Matei! O jogo acabou aí. Fui a pessoa que mais matei. A falha do jogo foi permitirmos que tanta gente diferente participasse. Muitos, sem comprometimento. Com o tempo, vou contando outros fatos marcante do jogo. Saiu até casamento dele! Em breve.

4 comentários:

  1. eu lembro disso.. nossa kelinha sua memoria eh um arquivo unico...

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  2. Eu era estagiário na Braspelco quando o Flavio (hj formula P) e o Belese (hj europeu) me contaram desse jogo. Eu fiquei louco!!! com tanta inveja. Eu não acreditava que poderia ter uma turma tão animada assim.

    Eu lembro que o Flavio tentou reativar o jogo mas nao teve sucesso. Ja ta na hora de uma segunda ediçao.

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  3. HAHAHAHAHAHA!!!
    OU, foi na cachoeira que o pessoal faz rapel em Tupaciguara.
    Muita gente quis entrar durante o andamento do jogo também... E o doido é q dá frio na espinha vc andar por aí. Sempre aquela tensão de que alguém irá te atingir. No final, já tava me sentindo igual em faroeste! Não desgrudava da minha arma e estava mega atenta a tudo, fria e calculista hahahahahahaha

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  4. Mild, só você mesmo!!! ORGUUUUUUUUUULHO!!!!

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